terça-feira, 5 de maio de 2009

Por milhares de vezes desde 2003, presenciei um amigo, Eduardo Presoti falando de Ushuaia. Falava, falava, falava... A cara do homem era Ushuaia, antes e depois da viagem que acredito que ele tenha feito rs! Certo tempo depois e com uma visão mais serena sobre viagens de motocicletas, resolvi investigar o assunto, o que seria aquilo “Ushuaia”, para viver na boca de um “camarada” como Presoti, praticamente um estreante nesses eventos, mesmo sendo o cara mais determinado e “chato” que conheço...? A princípio sabia que era o extremo sul da América e que era na Argentina.
Nessa época, um colega de trabalho me indicou um livro de sugestivo título: “a pior viagem do mundo” do explorador norueguês Roald Amundsen, que em 1912 atingiu o pólo sul, na Antártida, após percorrer 1600 km a pé sobre o continente de gelo... Corri para a NET, pesquisei sobre essa viagem e adquiri mais seis livros sobre o mesmo assunto. Absolutamente fascinante a determinação daqueles homens, que sem tecnologia nenhuma se aventuraram naquela vastidão branca e gelada, sem GPS, notebook ou luvas de gore-tex!
Lá pelas bandas de 1987 quando morava em Salvador-BA, tomei conhecimento de um “tal Amir Klink”, que teria atravessado o oceano atlântico num pequeno barco, remando... Comprei tudo o que ele publicou, e descobri que o homem se aventurou pela rodovia transamazônica, nos anos 70, em moto street!
Resolvi então que iria ao Ushuaia de motocicleta, sozinho ou em grupo, de preferência sozinho, rs!
Em princípio, ficou certo que dois amigos me acompanhariam, nunca botei muita fé. Passei a trabalhar sozinho no projeto e com a certeza de que o executaria sozinho e a meu modo. Dito e feito: com o passar dos meses, os dois amarelaram... Confesso que achei ótimo. Ushuaia era uma questão pessoal, eu passava a entender o peso do nome, um ponto extremo do planeta, um lugar cobiçado por aventureiros de todo o mundo como vou contar mais adiante.
É fato que uma viagem desse porte e distancia quase 20 mil km´s, tem que ser executada com uma motocicleta confortável, com boa capacidade de carga e que tenha a possibilidade de encarar o chamado “rípio”, dentro do Chile e Argentina, próximo do extremo sul. Seria o modelo “big trail”, agora também conhecido como “big touring”. Possuo uma Honda CBR1100XX, e adoro motos esportivas mais sabia que jamais iria ao Ushuaia numa moto dessas. Decidi então adquirir uma big trail zero km e optei pela Suzuki DL1000 V-Strom e a recebi em 18 de abril de 2008. Ganhei de presente do meu amigo “Homem Águia” um mapa do MERCOSUL, meio desatualizado. Faca e queijo na mão decidi que partiria no inicio de fevereiro de 2009.
Eu teria dez meses pra preparar tudo! Em julho de 2008 fui pra São Paulo, comprar pessoalmente o equipamento de viagem: Baús, jaqueta, calça, luva, bota e capacete. Decidi pelos modelos impermeáveis de cordura, pois também são excelentes para usar no frio. As botas e as luvas, também impermeáveis, contam com um revestimento de gore-tex, pois segundo apurei, as pontas dos dedos seriam os pontos mais vulneráveis em situação de frio extremo pilotando uma motocicleta.
Adiei por todo o ano os preparativos da viagem, só faltando uns 20 dias é que comecei realmente a arrumar as coisas. Pasmem, acabei de checar e arrumar a bagagem somente na madrugada da viagem, por volta de 04:00 hs, acredite se quiser... Dormi (deitei na cama) por aproximadamente duas horas, “acordei” e fui encontrar a galera e um povo da imprensa local numa padaria. Fotos, entrevistas, e os amigos mais chegados lá, dando uma força. Notei no rosto de todos eles uma expressão tipo: “esse rapaz deve ser doido, uma viagem dessas sozinho...”. Uns oito mil quilômetros depois, em terras estrangeiras eu ia começar a entender que todos eles tinham razão. Ou você é possuidor de um bom gerenciamento mental ou você entra em pânico em muitos momentos, muitos desistem! Com o passar dos dias, você se afasta cada vez mais das suas coisas, do seu país, dos seus amigos. Falar com alguém em português, mesmo que por telefone é uma festa!!!
Continuando, me despedi da galera, fui acompanhado por alguns até a saída da ilha, meio sem saber ainda o que iria fazer, uma sensação muito da fuleira! Eu havia combinado comigo mesmo, se tivesse que desistir, seria com antecedência, depois de ligar a moto já era... rs... Nos primeiros 50 km´s eliminei a caríssima jaqueta italiana e passei a viajar apenas com a camiseta de manga comprida. Uma delícia, o tempo nublado, ainda estava me acostumando com aqueles três bauletos, o arrasto aerodinâmico, o peso (que nem era tanto), enfim, dialogando com a moto num respeito danado, pois sabia que tinha uma empreitada muito longa pela frente. Rodei “apenas” 440 km nesse primeiro dia, pernoitando em Barra do Corda-MA, pois havia combinado de “tomar umas” com o companheiro Clemilton “Sapo Joe” homem dos grandes roteiros.
Segui viagem no dia seguinte pela parte da tarde, pois queria ver a matéria feita para a TV Mirante concessionário local da rede globo. Aproveitei para “plastificar” a parte frontal da moto como medida de proteção da pintura etc. Pernoitei em Araguaína TO e segui rumo a Brasília-DF, fazendo um pernoite intermediário em Natividade-TO.
Em Brasília fiquei por dois dias. Atualizei o blog e instalei com a ajuda do camarada Lino Teixeira, o piloto automático, recém chegado do Ceará via sedex!!!! Valeu Silverado pelo acelerador. Você é OCARA!!!!! Rsrsrs
De Brasília, rumei pra Foz Do Iguaçu, pernoitando em São José do Rio Preto/SP, na chácara de um colega de trabalho, o Medeirão, mais conhecido como “Matagal”. O homem tava separando da mulher e então... Caímos na noite...
De São José do Rio Preto/SP, segui para Foz do Iguaçu/PR, onde fiquei por dois dias: Troquei o pneu dianteiro que eu levava a bordo (e que tava enchendo o saco, colocar, tirar...), fiz o seguro “carta verde”, obrigatório para se rodar no MERCOSUL, chequei os cartões de crédito no lado argentino, tanto para abastecimento como para saque, cambiei uns dólares para uma emergência, comprei mais um tyre pand e um pinhão pra levar de reserva enfim, uma rápida revisão na moto, troca de óleo, filtro.... Fui extremamente bem tratado pela galera da Daytona Motos, principalmente pelo chefe da oficina Misael que num ato “salvador” na despedida me deu um cartão da loja com seus números o que seria de vital importância para o desenrolar da viagem mais adiante...
Depois de quase quatro mil km´s rodados dentro do Brasil, enfim o exterior!!! O tramite aduaneiro foi rápido e enfim em terras portenhas. Em pouquíssimo tempo, comecei a sentir raiva das estradas brasileiras, ou melhor, dos “safados oficiais” que as constroem. Na argentina a rodovia pavimentada não tem buracos, nem remendos, o que leva a crer que são construídas com mais tecnologia, ou menos safadeza. A outra opção são as estradas de rípio (terra batida com pedras, parecido com a “piçarra” brasileira), por vezes até melhor que o medíocre asfalto brasileiro, pois não há buracos...
O primeiro dia na Argentina foi bastante incentivador: belas estradas, bem sinalizadas, gasolina boa e barata, motoristas prudentes... Enfim, tudo o que a gente não vê por aqui. Depois de atravessar longas fazendas de soja, girassol e milho, pernoitei em Reconquista aonde cheguei debaixo de uma chuva fina após temporal com muito vento. No dia seguinte o mesmo cenário, fazendas, retas... Pernoitei em Garre, seguindo o conselho do companheiro Expedito Jacaré que orientou durante a longa travessia, pernoite em cidades menores onde o preço do hotel é menor. Exagerei na dose e entrei numa cidadezinha onde os poucos moradores vivem envolvidos com as culturas já descritas, de tão pequena nem hotel tinha. Um motociclista local me levou até a casa de um casal de idosos que alugavam quartos, uma espécie de pensão. Paguei $20 pesos (algo em torno de $14 reais) nada mal!!! Em Garre, comecei a usar o forro da calça, e a jaqueta enfim estava sendo usada em definitivo. Era o frio chegando...
Meu roteiro inicial previa uma travessia da Argentina no sentido leste/oeste, passando por Córdoba e Mendoza, entrando no Chile e indo até Valparaíso na costa do Pacífico. As longas e monótonas retas estavam me levando a uma crise de “banzo”, vontade de terminar logo com a viagem, resolvi que não iria mais ao Chile. De Santa Fé, segui rumo ao sul para Rosário numa autovia, onde pegaria a “ruta 33”, pra Bahia Blanca e daí a monótona “ruta 3” até o Ushuaia. A essas alturas, já estava de posse do mapa da argentina atualizado que eu havia comprado em Reconquista. No trevo de acesso a Bahia Blanca havia uma placa indicando dentre outras cidades, Bariloche. Parei a moto e fui ver no mapa. A rodovia quase inexistente que eu tinha no mapa antigo que eu me baseei, no mapa novo correspondia às rutas nacionais 22 e 237, que levavam ao Chile, e na região onde eu queria visitar, a cidade de Puerto Mont e região dos lagos. Mudei tudo novamente, era o Chile voltando pro roteiro, exatamente onde eu queria e ainda passaria por Bariloche. Rumei então pro Chile passando por Rio Colorado e Neuquen pernoitando na gelada Piedra Del Aguila ainda na Argentina. Segui no dia seguinte pro Chile, passando pelo vale encantado e a belíssima Villa Angostura, um misto de povoado e complexo turístico, imperdível. Duas aduanas e pronto, o Chile! Pernoitei em Pto. Montt e fui visitar o vulcão Osorno na vizinha Puerto Varas. Show!!!
“Amarelei” pra carretera austral e retornei para a Argentina para continuar a saga rumo a Ushuaia. Sai de Puerto Montt cedinho numa estrada duplicada de dar vontade de estar numa esportiva, logo encararia as duas aduanas de novo para dar uma esticada até Bariloche, que mesmo com as estações de esqui desativadas por causa do verão, ainda comportava uma grande quantidade de turistas. E tome noitada...
Na saída de Bariloche na ruta 252, um visual muito interessante, a cordilheira dos Andes pelo lado direito e a planície patagônica à esquerda, e tome vento... Cheguei a Esquel já pela ruta 40 com muito vento e pouca gasolina. Abasteci e dormi mais adiante, numa cidadezinha no meio do deserto, Gov. Costa. A estrada continuava um deserto, pouca e rala vegetação, muito vento vindo de frente e do lado esquerdo. Cheguei a Comodoro Rivadávia na ruta 3 e segui pro sul, pernoitando em Puerto San Julian, as margens do atlântico e muito frio. Saí com tempo nublado tendo como destino El Calafate, peguei um atalho pela ruta 9, rodei 198 km no rípio, 6 horas e meia de medo, tensão, solidão e final feliz: nenhum sinal de civilização, nenhum carro cruzando, nenhuma ultrapassagem. Cheguei a El Calafate com o equivalente a uma "latinha de cerveja" de gasolina no tanque!!!!!!!
El Calafate é uma cidadezinha aconchegante, muitos turistas por causa do famoso glacial Perito Moreno, localizado a 80 km. Quando voltava do glacial, a luz do neutro começou a piscar e em seguida a luz da injeção eletrônica. Fiquei apavorado, fui pro hotel ler o manual da moto que falava: “leve a moto a concessionária autorizada”, que estava sabe-se lá onde! rs !Nessa parte da Argentina é muito raro ver uma moto que não seja de aventureiros, porque é muito frio e na metade do ano tem gelo nas pistas. Com a moto funcionando normalmente fui pro hotel esfriar a cabeça. No dia seguinte achei o cartão do cara, o Misael da autorizada de Foz do Iguaçu. Liguei, falei o ocorrido e ele disse: arrume suas coisas e siga viagem, é algum curto na fiação, a injeção ta ok, não quebra.
Meio “cabreiro”, arrumei as coisas e segui viagem. A luz do neutro agora piscava bem pouco, nem acionava mais a luz da injeção. Peguei confiança nas palavras do mecânico, era algum curto na fiação, 200 km pulando no rípio.... Arriei a mão nessa moto, passei por Rio Gallegos, nova aduana e novamente dentro do Chile, pra atravessar o histórico estreito de Magalhães. Na balsa “patagônia”, encontrei dois “doidin”, os franceses Hubert e Pierre-Emmanuel que estavam numa viagem de seis meses e 20.000 km pela America do Sul em duas Yamaha YBR 125cc (http://bornesinamerica.unblog.fr/). Viajamos juntos ate Cerro Sombrero (Chile) em ótimo asfalto, cerca de 20 km. Guardamos as três motos no estacionamento do hotel, fomos jantar e tomar cerveja gelada. Fiquei no hotel com aquecimento, e os dois “doidin” armaram as barracas nas proximidades. Um deles nunca tinha andado de moto, o outro pegava um scooter de vez em quando lá na França. Compraram, aprenderam a andar nas motos e tiraram as carteiras em Buenos Aires. Feito isso, pegaram a estrada.
Deixei os dois dormindo nas barracas no gelado do deserto para encarar os últimos 120 km de rípio e depois somente mais 280 km de asfalto e estaria no ponto mais extremo da America do Sul. No inicio do rípio, o vento até que estava bom, mais do meio pro fim, tive a sensação de que iria a qualquer momento fazer um contato mais intimo com a superfície da crosta terrestre. Em dado momento parei a moto e fiquei com a cabeça atrás da bolha por causa da terra que voava junto com o vento, cruz credo!!! Em Rio Grande, outro figurão viajando de bicicleta, e o mico da viagem: Acabava de ter feito a ultima aduana da ida, e o documento de entrada da moto na argentina ficou solto na parte de cima do bauleto. Quando o abri no posto de abastecimento, o vento sacou o documento que foi parar no oceano atlântico, já que o posto ficava na avenida beira mar. O frentista “secou” o documento no aquecedor e segui viagem, para a última tocada antes de realizar um sonho. Apos rodar 10657 km cheguei ao Ushuaia, recepcionado pelos belíssimos lagos Fagnano e Escondido. Antes mesmo de ir pro hotel, fui ate a Bahia de Lapataia, dezoito quilômetros depois, dentro do Parque Nacional Tierra Del Fuego. Lá começa a famosa "ruta 3" e estava a placa que eu tinha na mente pelos últimos cinco anos. Com as tradicionais fotos e filmagens, me veio uma estranha sensação de vazio. Eu estava exatamente no lugar onde sonhava chegar de motocicleta viajando sozinho. Eu não tinha mais um sonho, tinha que providenciar outro! Mesmo ainda sem conhecer, Ushuaia fazia parte do passado. Pernoitei no "Fim do Mundo" e por lá fiquei o dia seguinte conhecendo as paradas, fui pra uma festa num bar com gente de todas as partes do mundo, fiquei doidão e não achava a minha pousada (tinha muitas nas proximidades), acabei sendo convencido a acompanhar duas amigas suíças que tinha conhecido na festa, afinal de contas eu não tinha onde “dormir” e estava muito frio... No dia seguinte achei a pousada pela “moto”, uns oitenta metros depois!!!
Vazei do Ushuaia fazendo as curvas da região montanhosa como se fosse numa esportiva, deitava pra um lado, deitava pro outro! Logo cheguei a Rio Grande, abasteci e me mandei pra mais duas aduanas, 120 km de rípio e a balsa do estreito de Magalhães. Ainda no rípio, antes de Cerro Sombrero, fui ultrapassado por duas BMW, tentei seguir mais o rípio tava muito fofo, logo depois começou a melhorar e acelerei. As outras quatro BMW ficaram na poeira. Uns dez quilômetros depois paramos pra abastecer num posto minúsculo em Cerro Sombrero, o único da região e partimos para 30 km de asfalto até a balsa.
Foi o momento mais bizarro da viagem. O vento lateral sentido oeste/leste era tão forte que a moto navegava inclinada pra “bombordo” cerca de uns 20 graus. Uma dificuldade muito grande de controlar a motocicleta, ultrapassar ou ser ultrapassado era um “inferno”, por causa do vácuo criado pelo outro veículo. Nesses 30 km´s fui colocado pra fora da pista (pelo vento) por duas vezes, não caí por puro milagre! Ao chegar ao local da balsa, ela estava desatracando no meio do temporal e só voltou a operar por volta das 23h00min quando o vento diminuiu um pouco. Atravessamos por volta da meia noite e pernoitei em Rio Gallegos, depois de comer um sanduíche gigante!!!
Dia seguinte chuvinha fina geladinha, fiz um saque, já tava meio liso e... Ganhei a estrada. Naquele negócio de abastecer mais na frente, fui ficando sem gasolina e nem sinal de nada no meio daquele nada. Para economizar gasolina, vinha a 30, 40 km/h há uns 40 minutos quando de repente uma placa: YPF, (rede de postos espalhados por toda a Argentina). acelerei a V Strom, ela pegou um pouco de velocidade e falhou! Parou a uns três metros da bomba, que tinha uma folha de papel pregada com a frase “solo diesel”. Tirei o capacete e falei:
“PQP, q azar do caralho”.
O bombeiro se aproximou e falou:
O Senhor É brasileiro?
Sim, respondi.
Ele disse: Eu também, de Rio Grande-RS, e tenho um pouco de nafta (gasolina) guardada! Salvo pelo gongo, abasteci com os dez litros que ele arrumou e fui dormir em Fitz Roy.
Saí cedinho, todo feliz. A felicidade não demorou nem uma hora, o vento voltou a castigar, principalmente a partir de Caleta Olivia, você viaja o tempo todo no sufoco, o visual lindão, o atlântico logo ali embaixo e você se matando com o vento batendo de lado, a moto toda torta, um perigo “da mulesta”. Em Comodoro Rivadavia abasteci e comentei com o bombeiro sobre o vento. Ele falou que já duravam dois dias aquela ventania, que tinha vento sempre mais estava mais forte nos últimos dias. Sorte minha!!! O ventão ainda continuou cruel até San Antonio Oeste. A partir daí, voltaram as fazendas enormes, mato verde, era o fim do vento, do deserto... Pernoitei em Rio Colorado e me mandei pra Buenos Aires, trocar o pneu da moto e rumar pro Uruguai. Em Buenos Aires tive a noticia que o navio que fazia a travessia pro Uruguai estava inoperante. Procurei em duas lojas o pneu da moto e não encontrei, dei um giro pela cidade só pra conhecer e me mandei rumo a Foz do Iguaçu, com o pneu já bastante desgastado, 13500 km, pernoitando em Colon ainda na Argentina, me hospedei num hotel decente. Colon fica às margens do rio Uruguay e faz fronteira com a cidade de Paysandú no Uruguai. É uma cidade quente, barzinhos ao ar livre que não existe pras bandas do sul da Argentina, muita gente nas ruas, enfim eu tava me aproximando do Brasil!!! Fui pra NET no hotel, falei via telefone com a galera e pra variar tomei todas... (sempre a pé, moto guardadinha). Parti para o ultimo dia em terras argentinas, Foz do Iguaçu ficava a uns 1100 km, uma bagatela naquelas estradas... Cheguei a Foz já noite, umas oito e meia, fui pro hotel tomar um banho e depois comer “arroz, feijão”, coisa que eu não via há 14 dias! No dia seguinte fui à concessionária Daytona da Suzuki, fazer revisão na moto, trocar o pneu traseiro que estava na lona, o pinhão (que eu havia comprado lá mesmo, na ida) e ver o negócio da luz do neutro que ainda piscava. Em cinco minutos Misael descobriu o curto, num chicote que passa por detrás do escape do cilindro de trás, talvez um descuido do montador na fábrica. Isolou e colocou a fiação no lugar certo, essa porra que me deu um susto dos diabos, numa cidade distante de tudo (El Calafate) sem uma moto sequer, imagine mecânico, concessionária... Pra variar, também não tinha o pneu trazeiro em Foz do Iguaçu nem nas cidades próximas. Do lado do hotel onde eu estava hospedado, havia uma pequena oficina de motos, de um magrão de fala lenta. Fui até ele, quando ele falou que conhecia um cara que trabalhava com pneus usados, e tinha um Michelin T66 “meia vida”. Fiquei “tomando conta” da oficina e o “magrão” foi buscar o pneu. Vinte minutos depois ele voltou com o pneu, bem “bonito” ainda. Paguei os $90,00 que o cara pediu e levei pra Daytona pra colocar na moto. Agora sim, tudo resolvido. Fui deixar a moto, agora “zerada” de novo no hotel e cai na noite de taxi. Acordei numa ressaca braba, eu estava de novo no Brasil, só faltava a buraqueira, motoristas estressados, cidades feias... Me mandei de Foz do Iguaçu lá pra umas nove da manhã com destino a Brasília, tendo pernoitado em Frutal-Mg. No distrito federal fui direto pra chácara do companheiro Dawson, o escamoso onde dentre outros estava Wanderley Walmor Chagas, meu anfitrião nos quatro dias no distrito federal, em pleno carnaval, que ótimo, nenhum axé, pagode, “sai do chão”, um sonho, só festa de rock and roll!
Na quinta-feira, depois do carnaval peguei o rumo do Maranhão e pernoitei em Palmas onde a noite foi inesquecível. De palmas resolvi fazer uma tirada direto para São Luís, 1225 km. Cheguei às nove da noite depois de muita chuva nos últimos trezentos quilômetros
Voltei pro Maranhão pensando na Carretera Austral...


Tempo da viagem: 32 dias
Distancia percorrida: 19.312 km´s

segunda-feira, 23 de março de 2009

Em Brasília, com o "lendário Wanderley", saindo para o penúltimo dia de viagem rumo ao Maranhão...

Lagarto e gobernador Quirós, só família!!!(Colon-ARG)

"Negona" as margens do rio Uruguai, em Colon(ARG)!

segunda-feira, 9 de março de 2009


A passagem por Buenos Aires foi pouco proveitosa. Eu buscava 1 pneu traseiro e o ferry boat para atravessar pro Uruguai. O ferry tava interditado, passei por duas lojas e não achei o pneu. Calculei tudo e rumei pra Colon(ARG) e dormir a menos de 1000 km do Brasil (Foz do Iguaçú)!!!

Depois lembro de outras, mais essa foi demais:Depois de andar mais de 1 hora entre 30 e 40 km/h, para econonizar gasolina no meio do nada, apareceu um posto, acelerei a moto, a gasolina acabou, mais deu pra chegar a 3 metros da bomba. Não tinha gasolina no posto, mais o bombeiro era brasileiro (de Rio Grande-RS), e tinha um pouco de gasolina guardada...

Na entrada de Puerto Mandryn,(na volta) fui abordado pelo camarada Dirceu Zinn(http://dzinn21.blogspot.com/), que seguia pras bandas do sul, e estava com problemas com o pneu trazeiro da sua V-Strom. Pena que estavamos em caminhos opostos. Abraço camarada, daqui a 2 anos e meio, voltaremos ao Ushuaia!